segunda-feira, 11 de maio de 2009

Maria João

Engraçado! Desde criança não sei ao certo se sou Maria ou se sou João.

Nunca gostei de boneca, cor-de-rosa ou coisas do gênero... sempre fui curta e grossa com tudo, gostava de branco e preto...e ponto. Nunca usei um diário, pois quando tive um arranquei todas as suas folhas para brincar de adedonha, escrever bilhetes inúteis nas horas mais erradas e arrancar só pra estragar aquele caderninho tão mimoso.
Corria descalço, jogava bola, xingava e apanhava feito ‘menino-homem” – expressão muito usada no nordeste e que eu acho tão interessante que passei a tentar encaixar em tudo o que escrevo...embora nunca consiga, exceto desta vez.

Bom...mas voltando à menina-menino, quase não reclamava de nada...não era de muita conversa e adorava aquele gostinho da voz de autoridade quando se é o mais velho. Por falar em velho, sonho em ficar velha, só para descobrir se vou ficar interessante como eles. Velho tem tanta história, mania, medo, um jeitinho só dele... como eu gosto!
Assisti há uns quinze dias atrás um documentário de Eduardo de Oliveira Coutinho, chamado O Fim e o Princípio e A-DO-REI! Tudo muito simples, sem grandes produções... meio câmera na mão e pergunta na ponta da língua. Coutinho tem uma incrível capacidade de ouvir o outro, deixá-lo falar, e expressar na fala características tão simples e particulares que encantam quem assiste. São raros documentários assim, onde o entrevistado é realmente o personagem principal. Hoje em dia, ser jornalista e entrevistar alguém é coisa para poucos, já que a minoria da nova geração consegue ficar atrás das câmeras, sem correr atrás dos seus 5, 10, 15.... segundos de fama. Sabe aquele jornalista que vira apresentador?
Poxa! Jornalista é jornalista. Honrai-vos!

E sobre a aquela menina...
Minha irmã já é diferente... quanto mais cores e brilho..melhor. É linda e incrivelmente incrível! Tiro o chapéu para uma pessoa que consegue ficar três horas em cima de salto de 10 cm pulando sem parar.

Minha mãe me dizia que com o tempo eu criaria minha personalidade e que ela viria acompanhada de toda a feminilidade possível... é assim com as borboletas, antes casulos e depois o artrópode mais encantador que existe (depende do ponto de vista, acho a joaninha linda)...e sempre me agarrei nisso, mas o tempo passou e eu continuo sem saber ao certo se sou Maria ou se sou João.

Gosto das expressões mais fortes, da cerveja mais gelada e da risada mais alta... aquela que coloca pra fora tudo o que tento segurar sem sucesso. Gosto de Marisa, de política, de ouvir, de observar.... gosto de mandar, que tudo saia do meu jeito...só não gosto de futebol (mas não perco a esperança de um dia me interessar).
Não gosto de cores, de salão de beleza, de fofoca, de cinema grudado nem comida repartida.
Gosto de texto, roupa folgada, dirigir, gente burra calada (por isso me calo tanto) e gente interessante falando horas à fio. Ás vezes gosto do silêncio, de ficar sozinha, de pessoas com defeitos, de soluço, de filme de ação... gosto de pensar!
Gosto de samba, do barulho da rua, vozinhas e vozinhos (principalmente os meus), comer com a mão, colocar a mão na massa.
Gosto de trabalhar, de escrever.... queria mesmo fazer só aquilo que gosto.


Me questionaram sobre a foto do blog. Afirmaram que parecia um menino...e que ficava incoerente ter a foto de um menino com um título: Os textos DELA. Fiquei pensando nisso... poxa, mas é uma menina (estava lá na legenda do site de onde peguei)!
Me lembrei de mim...da menina de ontem e da mulher de hoje...continuo do mesmo jeito uma Maria com cara de João.

E se eu pudesse ter a velocidade para ver tudo, assistiria tudo... saberia de tudo, dos brancos, negros, amarelos e azuis...das “Marias” e dos “Joãos”.

2 comentários:

  1. Meu Deus?! em meio a uma tarde desacreditada e sem criatividade, me deparo com um pedido simplório: "Ajudem uma blogueira carente!", dai imaginei, alguém deve esta se sentido como eu, mas quando passei as vistas em um texto na qual o titulo me diria já todo conteúdo,resolvi ler e me surpreendi com um certo João ou talvez uma Maria... Que coisa, que texto, que descrição, que imaginação! as vezes tenho a impressão que ela ainda não sabe o nível que os "textos dela" têm. Poxa... estou começando a perceber que esta carência tem dia marcado para acabar, pelo menos por mim, sinta que estou perto agora, por que isso aqui me fez bem... e seja como Maria ou como João, os dois juntos é que respondem a questão, questão na qual indago, faz tanta diferença assim distinguir qual és?

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