quinta-feira, 7 de maio de 2009

Bendito seja!


Dizem que o estudante de jornalismo tem que estar por dentro das últimas (e das primeiras), de todos os acontecimentos importantes (e dos desimportantes), enfim... tem que saber um pouquinho de tudo. Discordo. Acho que todo cidadão deve correr atrás da informação, ter condição de discordar (assim como eu logo aí em cima), de argumentar, de fazer críticas e de se defender delas.

Bem, mas isso não vem ao caso.Estava lendo a Folha on-line ontem pela manhã e me deparei com uma manchete que me fez lembrar na hora do meu blog e da oportunidade que tenho de deixar minha humilde opinião... nem que seja para ninguém ler.

Então vamos á dita cuja:


12/03/2009 - 08h35

“Igreja Renascer monta ringue de vale-tudo em templo para atrair mais jovens a culto em SP”APU GOMESrepórter-fotográfico da Folha de S.PauloDANIEL BERGAMASCOda Folha de S.Paulo


INACREDITÁVEL!Adoro substantivos. Concordo em grau, número e gênero com Arlete Salvador e Dad Squarisi quando elas dizem que a notícia deveria ser composta por substantivos e verbos, mas foi automático... me veio na hora um adjetivo na cabeça. Adjetivos comprometem a interpretação do leitor, mas neste caso sou abertamente imparcial, me nego a acreditar que alguém precise deste INACREDITÁVEL para pensar como eu, anão ser os integrantes e proprietários da Igreja Renascer, que pelo contrário devem achar a palavra MAGNÍFICA.

Igreja segundo o Aurélio significa “Templo cristão”, ou seja, lugar específico onde é feita toda e qualquer manifestação cristã. Não encontrei nenhum dicionário ou livro ou qualquer coisa do tipo que conceituasse vale-tudo como um tipo de manifestação cristã. Engraçado!A Folha on-line diz que foi feito durante a madrugada na sede da Igreja Renascer (em São Paulo) o primeiro campeonato de vale-tudo (esporte de combate que mescla modalidades como boxe e caratê) “cristão”, tudo para honra e para a glória do Senhor!A justificativa é aproximar os jovens da igreja simulando ambientes próprios desta idade, porém sem a dupla que mais preocupam pais e a sociedade em geral: álcool e drogas.

A pancadaria tradicional do esporte PERMANECE, levando ao pé da letra o ensinamento “Amai ao próximo como a ti mesmo”.“O festival reuniu freqüentadores de academias da região para se enfrentarem no ringue colado ao altar.” Um ringue colado ao altar???? Glória Deus!!!!!!!

O tal culto, que acontece nos intervalos das competições de vale-tudo e é comandado pelo Pastor Mazola e pelo bispo Leandro Miglioli. O pastor usa como recurso o testemunhal para tentar comover os presentes e simular uma dita conversão.

Seguindo o exemplo vem a Igreja Bola de Neve, que adota sintonia com esporte, no caso, uma prancha de surfe sobre o púlpito.Agora vem a notícia boa: têm cultos e afins para todos os gostos. É quase o paraíso!A idéia usada por eles é de que quem aprende/pratica algum tipo de esporte, larga os vícios do “mundão”... ah, mundão quer dizer grupo de pessoa, coisas ou atitudes que contrariam algum ensinamento dados pelos membros da grande e abençoada instituição (a igreja). Ou seja, ir ao um show, dançar forró coladinho, tomar uma gelada pra descontrair, namorar a menos de 1m de distância, saber de cor seu funk preferido ou simplesmente gostar de assistir uma novelinha com sua avó no fim da noite podem te custar muito caro: a entrada no céu por exemplo.

"Cerca de 60 jovens entregaram a vida para Jesus", disse Miglioli à Folha.


Bendito seja!


Meu nome é Michelle Rabelo e não tenho absolutamente nada contra o cristianismo (até agora).

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