quinta-feira, 30 de julho de 2009

Troca-se por.

Para a maioria, a solução para a atual crise do Senado (que de atual tem somente nosso olhos, que um dia desses decidiram enxergar a situação que se arrasta á tempos) é mesmo a renuncia de Sarney. O problema é encontrar alguém para comandar a Casa e é claro colocar ordem no terreiro.

Os pré-requisitos são muito improváveis em um único cidadão que escolheu a política como profissão, ou passatempo, ou seja lá o que isto representar (ceticismo á parte). O fato é que um candidato suficientemente ético está escasso atualmente. Procura-se o oposto do então dono do pedaço José Sarney, que alegou que a crise pertence ao Senado e não á ele. Mesmo porque as denúncias afetam filhos, netos, noras, genros e afins.

O que dificulta as coisas é o fato da necessidade de alguém imparcial, disposto a cumprimentar de igual forma aliados e oposição... se é que existe alguém que esteja sempre dentro da mesma classificação. Não é fácil ser bem visto, ou pelo menos suportado e não denunciado por algum dos partidos e seus diferentes interesses, PSDB, DEM, PT e PMDB.

Um nome que transita pelos corredores e bocas (boas ou más) entre a classe política é o de Francisco Dornelles, do PP. O senador traz ao longo de sua história cargos importantes e pasmem...nenhum escândalo....pelo menos nenhum da proporção atual.

Nos resta esperar para ver se a cadeira azul comporta outro tipo de político...ou outro tipo de política. Que seja!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

E lá ia ela, ela ia.

Ela sempre precisou de um pouco de atenção. Se fazia de forte... mas guardava cada olhar atravessado, cada palavra desentonada...tudo, absolutamente!

Acordava, comia torradas e tomava café... café preto e forte. Aquele que tem um cheiro invasor, quase impositor. Comia apática, sem pensar em nada... apenas comia ouvindo o barulho daquele pão seco se desfazer entre os dentes.
Levantava da mesa, saia de casa... era o primeiro contato com a rua...ainda vazia, ainda com cheiro de chuva, aquele cheiro bom, úmido, calmo. As pessoas apressadas pareciam não notar que ela estava ali.
Passos rápidos, fone nos ouvidos... o samba de Pixinguinha parecia levá-la para outro lugar...um lugar bom onde não havia saudade, solidão, indiferença. Não amava ninguém... mas ouvindo a melodia sentia vontade de alguém especial, uma história que um dia também poderia ser cantada. Na verdade não estava mais ali entre carros e ruas... pensava coisas de outra terra, outro pensamento...parecia de outra pessoa.

E lá ia ela, ela ia. Aquela menina... aparentava assim, com seu tênis batido, calça ganhada há 2 natais passados, cabelo preso com uma fivela antiga, mas preferida entre todas as outras que abarrotavam a caixa de papelão pequena onde eram guardados os adereços quase nunca usados...não era muito vaidosa. As mangas cumpridas barravam o vento frio (aquele que aparece mesmo nas manhãs de verão), impediam o sopro até o braço... braço fino, pulso com aparência de fraco, impedia também a exposição da cicatriz que ganhara nas férias...detestava aquela marca que acendia a curiosidade de todos que a viam...não aguentava repetir a mesma história. Aposta entre primos, ladeira abaixo, buraco no caminho, rosto no chão, pontos no cotovelo, 7.

Trabalhava o dia todo, e no final dele apresava-se, queria chegar na hora para opinar questionar, aprender, aproveitar aquela pessoa parada ali e que já tinha opinado, questionado, aprendido, aproveitado muito. Ia aprender a ser gente ou pelo menos tentar entender toda essa gente que geme, gesticula, acusa, se deleita, aceita.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Vou não vou?!

Sim, eu tenho uma conta no Orkut.
Mas a cada dia que passa me envergonho mais um pouquinho de fazer parte desta classe detestável, descartável, cafona e fútil. Ufa! Pronto... falei.

Uma pessoa que troca companhia, boa música dividida, brinde á vida, discussões sobre os mistérios da mente humana ou sobre qualquer outro assunto totalmente desimportante mesclado de pausas recheadas de significados, pele, olho no olho ou simplesmente silêncio a dois, três, quatro.... por um passeio de carro virtual, cócegas, arco-íris ou um incrível “Vou não vou” pode ser classificada como o que? Tento, tento... mas não consigo encontrar outros adjetivos diferentes destes aí em cima.

Eis que vivemos em um país onde existe liberdade de expressão, onde cada um se expressa da maneira que considera correta ou no mínimo cômoda... mas como em qualquer outro país, território ínfimo, tribo, vilarejo ou aglomerado com um número superior a 2 pessoas e que num futuro formarão um sociedade minimamente organizada, precisamos de pessoas intelectualmente ativas...e quanto mais, melhor. Talvez por isso algumas vozes defendam tão fortemente a idéia do investimento nos jovens... futuras mentes pensantes. Mentes pensantes estas que ultimamente gastam suas tardes distribuindo e recebendo “abraços de urso”?!

Não que eu seja o intelecto em pessoa... longe disso. Muito longe. O que me irrita é o indivíduo não se esforçar, informar, interessar, integrar aos acontecimentos. Ler Veríssimo, Prata... ouvir Vinícius, Pixinguinha...coisa boa! Conhecer autores de esquerda, direita, sem opinião, ainda em análise... formar opinião própria...gastar o tempo com coisas influenciáveis...que fazem ou farão diferença até mesmo na vida daquele amigo virtual tão adorado e essencial para a continuação da vida.

Ainda tenho um pouco de fé na humanidade, na idéia de sociedade, no indivíduo como uma folha em branco que pode ser moldado pelas pessoas de bem e que pode se transformar em um jovem livre de obrigações tão desnecessárias, sem o comprometimento de mostrar pro mundo o quanto é bem relacionado, bem sucedido, indispensável para este ou aquele... para isto ou aquilo.

Li na Super Interessante deste mês (quase mês passado... já tem uma nova nas bancas) uma matéria sobre Susan Barry, uma neurologista que enxergava tudo em 2D. Fiquei pensando enquanto jogava minhas idéias aqui...quantas pessoas enxergam apenas o que querem da maneira como querem?

A Susan educou o olhar, aos poucos as coisas foram ganhando espessura.Em todos os lugares há idiotas... idiotas que se recusam a abrir os olhos, aprender a olhar e enxergar...deixar que aos poucos as coisas ganhem sentido.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

A "canoinha" de Bernardes.

Henrique Dias Bernardes, na terceira fila à direita, no casamento da filha de Agaciel.

Henrique Dias Bernardes é personagem de um fato pouco comum no Brasil: a contratação de familiares ou pessoas próximas para cargos públicos. O que eu não entendi é porque a mídia e as pessoas se indignaram tanto. O natural não seria pensar como o próprio Henrique, que em declaração afirmou ser bom para o Senado ter um funcionário como ele? Também.. pudera! Uma pessoa que trabalha oito horas diárias e não demonstra constrangimento com a divulgação dos áudios da Polícia Federal que indicariam o envolvimento de Sarney na contratação, deve ter a consciência leve como uma pluma e merece todo o nosso respeito. Afinal, é um trabalhador como outro qualquer... e “faz seu trabalho direitinho” (palavras do médico Paulo Ramalho, diretor da SAMS)

"Todos os parlamentares têm direito a cargos comissionados. São para pessoas de confiança. Não tenho parentesco com ninguém. Nem de terceiro grau. Não há ato ilícito nenhum", disse em entrevista à Folha Online. 

Dias afirma que não vê ilegalidade na interferência de Sarney em sua entrada (que aconteceu por ato SECRETO) na Casa Legislativa, onde foi nomeado para um cargo na Diretoria Geral, e logo depois transferido para a área administrativa no serviço médico do Senado. Trabalha na direção da SAMS (Secretaria de Assistência Médica e Social do Senado). 

O currículo do moço faz bonito, formado em física e pós-graduado em contabilidade e economia na UNB (Universidade de Brasília), Dias tem uma carta na manga quando afirma que é gabaritado para função... o que não envolve caráter e ética profissional, é claro.

A coisa que já estava “preta” para o lado do presidente do Senado anda um pouco mais cinza por causa da descoberta. Sarney teria negociado a contratação do genro (ah...por uma feliz coincidência Henrique namora a neta do peemedebista. Será que para ela também é bom ter um namorado como ele?)

Dias pode sentir-se confortável, já que não estará sozinho quando a canoa virar...

A canoa virou, quem deixou ela virar, foi por causa do Sarney...que não soube diferenciar o Senado de seu pomposo Maranhão.

Bom ...mas voltando á canoinha de Bernardes...com ele se arriscam também os 218 funcionários identificados pela comissão que foi criada por Sarney para analisar a anulação dos atos secretos. A expectativa... EU DISSE EXPECTATIVA (não nos animemos!) é de que eles sejam exonerados em até 20 dias, quando termina o prazo para que a comissão conclua os trabalhos.

Pessoas próximas á Bernardes alegam que o namoro chegou ao fim. No entanto ele ainda tem chances de entrar para a família...se as acusações foram verdadeiras, Henrique terá sido realmente aceito na família dos políticos injustiçados, da qual Sarney faz parte á tempos.

“Maria vai com as outras”.

Engraçado como a mídia é “Maria vai com as outras”.
Tirei essa expressão do fundo do baú. A expressão “Maria vai com as outras” era usada para caracterizar pessoas sem opinião. Substantivo próprio feminino singular. Acontece alguma coisa e a danada só fala daquilo, é uma competição de textos, agilidade de informações (sejam elas, falsas ou verdadeiras), leitores e leituras. A verdade é que para o leitor (falo como uma) fica maçante a mesma história todos os dias.

Gripe Suína, Air France e Sarney.
Lula com Collor, corrupção, aceitação... tá eleito. Fulano com cicrano, trambique, desrespeito... tá aceito. Admiro a capacidade de dizer sim, deixar-se enganar, se levar pela opinião do outro. Nada mudou. As oligarquias são as mesmas... ontem os pais, hoje os filhos...

As meninas... nossas meninas que deveriam exalar inocência iniciam cada vez mais cedo a visa sexual, as mulheres estão cada dia mais magras para acompanhar as pautas das revistas femininas: “Mulher bonita tem que ser magra.” Os homens modernos ficam aí...sentados na frente da televisão apenas absorvendo tudo o que ouvem...sem ao menos pensar naquilo o que está sendo dito...O crack que traz tanta autoconfiança e um mundo irreal é distribuído com uma facilidade inacreditável.

Meninos... homens. O que falta é foco no indivíduo, pois é ele o personagem principal da sociedade. Falta interesse de mudança, mangas arregaçadas e passo forte, pulso forte... um pulso que pulsa pelo o que é correto, um “companheiro” que sonhe dentro de seus limites, uma gente que se respeite e aja para o benefício comum...ou pelo menos da maioria. Aqui falta presidente, povo, opinião... faltam tantas coisas importantes. Falta uma explicação sobre o motivo pelo qual todas as desimportantes são tão divulgadas.

“Da luta não me retiro
Me atiro do alto e que me atirem no peito
Da luta não me retiro...”

terça-feira, 21 de julho de 2009

Finda-se hoje. Será?

Chegou ao fim na tarde de ontem a greve da Polícia Civil do estado de Goiás.
Durante estes quase 30 dias (29 dias para ser mais específica) tentei acompanhar os acontecimentos. Li jornais, me prendi às reportagens televisivas e notas de rádio....a opinião da maioria era quase unânime e desfavorável á decisão, mesmo com toda a força e certa razão das reivindicações: reajuste salarial de 34%, melhoria das condições de trabalho e fim do déficit de pessoal, que segundo os policiais, chega a três mil profissionais.

No regime democrático, o cidadão tem direito de exigir o que quiser, com toda a sua esplêndida liberdade de expressão... o que os grevistas esqueceram era que entre eles e o governo existe um aglomerado de pessoas, ao qual damos o nome de sociedade e que dependem da segurança, classificada como pré-requisito na vida em convivência com o outro. 

A situação ia de mal á pior, as delegacias e Ciops passaram a registrar apenas crimes hediondos, como assassinatos, estupros e flagrantes e apenas 30% dos policiais continuavam na ativa.

Às vésperas de completar um mês, a paralização deu sinal de trégua no dia de ontem. Em reunião com o secretário de Segurança Pública do Estado, Ernesto Roller, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Goiás (Sinpol-GO), Silveira Alves de Moura mostrou-se animado e confiante na SUPOSIÇÃO de uma proposta que beneficiasse ambos os lados. Os ares já estão mais leves, já que no início a SSP-GO nem ao menos se pronunciou, mantendo sua postura a respeito da greve.

Revolta dos policiais. Apatia do Estado.
E nós? Nós... cidadãos pagadores de impostos, personagens passivos com falas apenas concordantes ficamos aqui...anônimos e mortais, sem voz nem veículo para nos representar. Ficamos na platéia, sem qualquer chance de interferência ou opinião... ficamos aqui...esse é o papel da sociedade ou pelo menos, papel dos meros mortais. Alguém discorda?
Uma conversa, acordo, pressão... ou simples tentativa de acerto com policias ativos está fora de questão. Um problema público não se resolve assim... não com vontade de definição, ação ou pressa. A determinação vem com calma... não há espaço para titubeios.

Depois do início no dia 23 de março, a decisão da 2ª Vara de Fazenda Pública de Goiás que julgou ilegal o movimento e forçou os assalariados (é... assim como eu e você) a voltar às atividades e um recurso deferido em 2ª Instância pela Turma de Desembargadores do Tribunal de Justiça do estado (TJGO) que garantiu a retomada da paralisação, finda-se hoje...provisoriamente....a greve. Parece uma novela!

E foi assim que chegamos à este ponto. 
Não me lembro de ter estudado um período na história do país onde os interesses de todos eram levados em consideração... ou pelo menos lembrados.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

"Bom moço".


"Afirmo que o governo Lula é o mais corrupto de nossa história nacional. Corrupção tanto mais nefasta por servir à compra de congressistas, à politização da Polícia Federal e das agências reguladoras, ao achincalhamento dos partidos políticos e à tentativa de dobrar qualquer instituição do Estado capaz de se contrapor a seus desmandos", palavras de Mangabeira Unger sobre o governo Lula em 2005.

Tá...até aí tudo certo. O que não falta no país são críticos ao governo do nosso Lulinha, já que nem com todas suas ações assistencialistas, discurso emocionante à favor do povo, amizade íntima e verdadeira com líderes da América Latina e forte relação com empresários, conseguiu agradar à gregos e troianos...ou melhor, á dominantes e dominados. O que não encaixa é o fato de este mesmo Mangabeira declarante em 2005, tempos depois ter aceitado o cargo de ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos do Brasil... pasmem... do governo Lula, aquele que ocupava o topo do ranking da história da corrupção nacional...Urger tenha o dito.

O Plano Amazônia Sustentável (PAS) passou a ser coordenado por ele, o que resultou na demissão (seguida de renúncia) da senadora Marina Silva e em muito bafáfá. O poder da última palavra (pelo menos nos assuntos relacionados à nossa florestinha) veio acompanhado por fortes declarações...muitas sem relação direta com o PAS, direcionando o homem Mangabera para o social e político. O ministro já vinha de uma longa história política, passando pelo regime militar quando atuou no antigo MDB, por Leonel Brizola e Ciro Gomes com quem participou das eleições presidenciais.

Urger tem em seu discurso a busca incessante por uma alternativa que interrompa a transferência assustadora de riqueza das mãos de trabalhadores e produtores para os bolsos de rentistas... mas já avisa, SEM QUALQUER HIPÓTESE DE UMA POLÍTICA ASSISTENCIALISTA. Afirma e reafirma a fusão entre política externa e interna, e defende a importância da diplomacia no Brasil.

Agora o presidente anuncia a saída do ministro, que precisará deixar o governo para retomar sua função de professor na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos (pelo menos foi o dito). Mangabeira deixa o cargo ratificando a não existência de problemas políticos ou programáticos em sua relação com o presidente e com o governo.

No país de “nação rebelde”, ainda existe uma democracia vibrante e fomentada na unidade nacional. Palavra de ministro.... ou será SÓ NA CABEÇA DO MINISTRO?!

Bem... parece um bom moço, um tanto quanto cheio de ilusões.
Vá pela sombra Mangabeira.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Eu gosto.


Quem sou eu para definir o que é bom ou ruim?
Falar de Legião, Cazuza, Vanessa da Mata....sou apenas uma metamorfose ambulante que escuta Raul de vez em quando. 
Mas como isso daqui é um blog, falo imparcialmente... escuto MÚSICA, com M maiúsculo.Ouço Marisa, Marina, Paula e Adriana. Bruno com seu Biquine, Camelo com seus Hermanos, Paralamas com todo seu merecido Sucesso.

Semana passada ganhei um cd com canções de Noel Rosa... um poeta!
Samba me acalma, me leva para longe...e Noel me encanta em especial.


“Até amanhã se Deus quiser 
Se não chover, eu volto pra te ver...”