sexta-feira, 8 de maio de 2009

Comece pelo editorial.

1º período de faculdade e ainda não sou madura o suficiente para estar sempre aberta à tudo.
O tempo me ensinará como se faz.
Faço jornalismo focada no impresso, pois uma das únicas coisas que gosto de fazer é gastar meu tempo aqui....colocando em palavras o que penso.

Bom... na verdade queria escrever hoje justamente sobre uma parte do impresso. Parte onde os veículos se transformam descaradamente em empresas, com interesses e tudo mais um negócio tem direito. Dane-se o compromisso com a verdade, neste pequeno espaço tudo é permitido: puxa-saquismo, opiniões abertas, aquela situação que não era exatamente o que pareceu, aquele político que se expressou errado, aquele governo que é ótimo, mas ninguém percebe... aqui vale tudo, vale ser alguém como eu e como você....com todas as nossas ideologias e hipocrisias.
Charlatões viram defensores da sociedade e professores aproveitadores do governo pedindo aumentos absurdos e desnecessários. Afinal...como não viver com uma renda mensal tão digna?!

Vou falar um pouco sobre uma parte do impresso indispensável para seu entendimento, um pedaço que quase ninguém lê (eu mesmo não lia e quando o fiz pela primeira vez percebi a importância das palavras colocadas ali e isso então virou um vício).
Estou falando do EDITORIAL, espaço onde o dono (ou alguém escolhido por ele, o editorialista) escreve de acordo com o posicionamento do veículo.


São textos cujo conteúdo expressa a opinião da empresa, da direção ou da equipe de redação, sem a obrigação de ter alguma imparcialidade ou objetividade. Geralmente ele está encaixado em duas ou mais colunas logo nas primeiras páginas internas. Os boxes (quadros) dos editoriais são normalmente sinalizados com formas que variam de veículo para veículo, para marcar claramente que aquele texto é opinativo, e não informativo.
A opinião de um veículo, entretanto, não é expressada exclusivamente nos editoriais, mas também na forma como organiza os assuntos publicados, pela qualidade e quantidade que atribui a cada um (é aí que entra o tão temido editor. É ele quem decide o que vai e o que não vai, tudo de acordo com os interesses e é claro, o “rabo preso” do impresso).
No ano passado, a Folha publicou um editorial (este em particular na 1ªpágina) sobre os processos movidos por fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus contra os jornais "Extra", "O Globo", "A Tarde" e contra a própria Folha, pois os fiéis se disseram ofendidos pelo teor de uma matéria da jornalista Elvira Lobato, publicada em dezembro, que descrevia as milionárias atividades do bispo Edir Macedo.

“Intimidação e má-fé

Bispos da Igreja Universal do Reino de Deus desencadeiam, contra os jornais "Extra", "O Globo", "A Tarde" e esta Folha, uma campanha movida pelo sectarismo, pela má-fé e por claro intuito de intimidação.
Em dezembro, a Folha publicou reportagem da jornalista Elvira Lobato descrevendo as milionárias atividades do bispo Edir Macedo. Logo surgiram, nos mais diversos lugares do país, ações judiciais movidas por adeptos da Igreja Universal que se diziam ofendidos pelo teor da reportagem.
Na maioria das petições à Justiça, a mesma terminologia, os mesmos argumentos e situações se repetiam numa ladainha postiça. O movimento tinha tudo de orquestrado a partir da cúpula da igreja, inspirando-se mais nos interesses econômicos do seu líder do que no direito legítimo dos fiéis a serem respeitados em suas crenças.
Magistrados notaram rapidamente o primarismo dessa milagrosa multiplicação das petições, condenando a Igreja Universal por litigância de má-fé. Prosseguem, entretanto, as investidas da organização.
Não contentes em submeter a repórter Elvira Lobato a uma impraticável seqüência de depoimentos nos mais inacessíveis recantos do país, os bispos se valeram da rede de televisão que possuem para expor a pessoa da jornalista, no afã de criar constrangimentos ao exercício de sua atividade profissional.
É ponto de honra desta Folha sempre ter repelido o preconceito religioso. A liberdade para todo tipo de crença é um patrimônio da cultura nacional e um direito consagrado na Constituição. A pretexto de exercê-lo, porém, os tartufos que comandam essa facção religiosa mal disfarçam o fundamentalismo comercial que os move. Trata-se de enriquecimento rápido e suspeito --e de impedir que a opinião pública saiba mais sobre os fatos.
Não é a liberdade para esta ou aquela fé religiosa que está sob ataque, mas a liberdade de expressão e o direito dos cidadãos à verdade.”


Folha de São Paulo – 19/02/2008


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