quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O tumtum do tom




João Gilberto que me perdoe, mas quem não gosta de MÚSICA (seja ela cantada, falada, chorada ou apenas solta devagarzinho aos múrmuros)... “Bom sujeito não é... É ruim da cabeça ou é doente do pé”

Pois é, minha gente. É para falar sobre algo que faz parte de momentos ou de uma vida inteirinha que eu me posto a postar boas novas ou velhas que às vezes alguns olhos que passeiam por aqui ainda não tenham visto. A verdade é que uma das minha bandeira nesse espaço será em defesa da música regional. Meu objetivo é fazer cada leitor flertar com vozes, letras e interpretações. Mostrar que temos aqui música da melhor qualidade, intérpretes incríveis... tão ou mais incríveis que os de “fora”.

Existe certa "urgência" em todos os sentidos quando o assunto é a cultura regional, não estou falando das festas tradicionais, festivais conquistados com suor e muito competência... FICA, Canto da Primavera, Perro Loco... entre outros que tem sua importância indiscutivelmente comprovada e infelizmente às vezes injustamente pouco reconhecida.

Conversei na noite de quinta-feira (24/09) com dois recém chegados aos palcos. Sem nome artístico definido, Rodrigo (estudante do ensino médio) e Heleno (professor de música) iniciaram a cantoria em público a pouco tempo e dividem as apresentações entre o Araguaia Shopping e o Estação Goiânia. Com preferência clara pelo Pop Rock e MPB, a dupla não se intimida com a classificação da cidade como “Capital da música sertaneja. “Aqui tem espaço para todo mundo”, afirma Heleno que se diz fortemente influenciado pelo Jazz e que baseia seu apreço pela música na mãe (amante das melodias) e na experiência de 6 anos atrás do microfone.

A história toda começa com uma canja, onde algumas músicas são apresentadas gratuitamente com a autorização do dono do local... se ele gostar, o “bole bole” está garantido. O cantor convidado dá seu preço, que pode ou não ser aceito. Negociação fechada o espaço passa a ser parcialmente do artista, já que este precisa atender á pedidos, coisa vista com certa resistência pelos personagens desta postagem, Heleno e Rodrigo. “Prefiro tocar para pouca gente, assim o repertório fica com a nossa cara”, diz Heleno.

Quando questionados sobre o futuro, deixam claro a NÃO intenção de gravar o trabalho em CD, segundo eles tocam por puro prazer e apostar na música de maneira integral mudaria o rumo das coisas.

Em relação á produção musical regional, ambos tem a mesma opinião: A QUALIDADE É INEGÁVEL. “Temos muita coisa boa, igualmente coisas ruins. Isso é em todo lugar.”, considera Rodrigo, que cita a banda Mr. Gyn como exemplo de um projeto bem sucedido.

Ao contrário de muitos músicos, Rodrigo e Heleno se posicionam de maneira negativa a lei nº 3857, onde todos aqueles que exercem a música como atividade profissional devem ser filiados à Ordem dos Músicos do Brasil (OMB), tendo direito á um importante instrumento de trabalho: a identificação profissional, que na teoria dá ao indivíduo respaldo legal na hora de negociar melhores contratos e reivindicar condições de trabalho mais dignas. A OMB expede 3 tipos de carteiras: músico profissional, músico prático e músico estrangeiro.

Maiores informações sobre a OMB: http://www.ombmg.org.br/ombmgv2/

Mídia (in)dependente

Devo desculpas... mesmo que esfarrapadas. Não coloco a “cara” aqui faz tempo e desta vez não tenho a justificativa da falta dele. A vida ta corrida, a faculdade apertada... mas o pior de tudo é a descrença com a profissão. Acho que é a crise dos primeiros períodos... o “nego” fica naquele vai ou raxa...dá ou desce. É exatamente onde eu me encontro. A vontade de escrever vai se esvaindo... indo...indo...

Ando apática, totalmente sem idéias... ou pelo menos nenhuma que valha á pena o tempo gasto e a expectativa de que alguém passe os olhos por cima das letras, palavras, significados reais. Porque escrever sobre o desastroso governo hilário Inácio se isso não afetará em absolutamente nada a imagem do mesmo perante a massa que absorve passivamente as idéias e alegremente o dinheirinho do bolsa alguma coisa? É o progresso chegando. Um político que é “gente como  gente”, que conhece as dificuldades pelas quais  grande parte da população passa.

Mesmo com a infinita variedade de assuntos, acontecimentos diários que merecem páginas inteiras, o meu blog fica aqui... paralisado. A provável correria da redação me entusiasma, me faz animada com o futuro... mas a fragilidade da ética, a facilidade da venda de espaços em um território construído com base no compromisso com o próximo, seja ela pobre, rico, branco ou amarelo, deixa uma sensação de perca, de arrependimento.

O fator tempo passou a ser o senhor dos jornalistas. Cada vez mais enxutos, os textos ganharam um ar de descompromisso com o leitor, informações superficiais ou profundamente duvidosas se tornaram cada vez mais comuns. Agora os apresentadores de telejornais estão de pé, falam a “língua” do povo, aos berros clamam por justiças. Tudo me parece tão contraditório.

A aliança mídia e governo parece cada vez mais forte.

Lula reduziu os impostos cobrados de 4.000 rádios no interior. Como? Por quê? Como ele é amigo dos meios! Realmente... gente como a gente...homem do povo que se importa com cada brasileiro e brasileira, companheira e companheiro. É por ele que cada estrelinha brilha no peito... de tanta felicidade e orgulho!

Mas... voltando á vida real...

A decisão faz parte da lei eleitoral sancionada por Lula onde o benefício fiscal será dado na forma de ressarcimento a pequenas rádios como compensação pelo tempo que cada uma cede para propagandas partidárias e eleitorais, o que já ocorre com as empresas de radiodifusão de grande porte... tá explicado! Uma faca de dois gumes.

Difícil a imprensa (seja ela grande ou dita pequena) discutir, questionar... virar as costas para uma suposta vantagem. Fica complicado bater no peito e dizer-se veículo independente quando se está no olho do furacão. A sociedade agora fica em segundo plano, a lei que rege a profissão agora é a da concorrência, essa se tornou desleal com a chegada da internet e a briga por um segundo, uma linha... um espaço se transformou em assunto de gente grande.