terça-feira, 11 de maio de 2010

Falou.



O tempo parou. Parou.
Dunga falou. Falou.

Em país de futebol, quem tem o luxo de parar um pedacinho da tarde para ouvir Dunga listar os pré-convocados para a Copa é rei.
Sim...ele falou. Ouviram-se suspiros de alívio. Muita gente se decepcionou. Adriano chorou. E acabou.
O mais engraçado é que ninguém (já me desculpo pela generalização) pára o dia ou ao menos o pensamento para saber sobre a repercussão da prisão e soltura de Arruda, a descoberta dos corpos de alguns dos meninos assassinados em Luziânia...e a situação das mães dos que ainda estão desaparecidos, o desvio no Paraná, a obesidade infantil e o programa de Michelle Obama, o buraco na rua daquele setor distante que pensando bem, fica pertinho, pertinho....Dilma e seu “governo feito 24 horas por dia”, o projeto Ficha Limpa, o ensaio sensual de Kaká e Pato, fato importantíssimo para o andamento do cotidiano feminino juvenil....ou seja lá o que for tão importante quanto Dunga e sua seleção....se é que para os brasileiros canarinhos por natureza ou paixão existe coisa mais importante que o “golasso” do fulano de tal, ou a combinação entre hexa e campeão...será que vai ficar bonitinho: Heeeexacampeãaao?!!

- Tá Michelle, mas isso não é novidade nenhuma, né?

- Não. Não é novidade. Mas tem que mudar. Teeeem que muuuudar!!!

O fato é que falta ao brasileiro (falo brasileiro porque é deste povo que venho...é com ele que me preocupo, é por ele que torço, com ou sem camisa e grito de torcida) um sentimento maior de brasilidade, de verde e amarelo no peito 365 dias por ano, emoção e grito na garganta para a polícia, para a política (olha as eleições aí minha gente!!!!! Lalaiá lalaiá!!!!!), para a saúde (que saúde?! Eu sei, eu sei....foi só um exemplo), para a educação, para o próximo.

Edmundo Leite, em seu texto para o site do Estadão cita uma pergunta feito por um repórter francês da revista France Footbal aos jornalistas brasileiros que aguardavam no saguão do hotel em Yokohama a saída do time de Felipão na véspera da Copa de 2002. Peço licença para copiá-lo aqui:

“Num desses grupos, um repórter francês da revista France Footbal perguntou aos colegas brasileiros porque não havia nenhum jornalista negro do país entre dezenas de profissionais que cobriam a seleção do Brasil, quando boa parte do time que estava prestes a se tornar pentacampeão era formada por negros.
Após alguns segundos daquele silêncio constrangedor, alguém arriscou a começar uma explicação. Falou da desigualdade social, enquanto outro lembrou do passado escravista, das falhas do sistema educacional, da dificuldade que muitos pobres tem para ingressar na universidade e que por isso nas próprias faculdades não havia muitos alunos negros.”
(
http://blogs.estadao.com.br/edmundo-leite/2010/05/11/por-um-jornalismo-marrom/)

Nada disso é novidade, nada.
Também não é novidade a necessidade de mudança para as pessoas, casas, famílias, bairros, cidades, para o país. O texto aqui (digo sua autora) não tem nenhum tipo de pretensão. É um entre tantos.
Mais um para gritar: “Ganha Brasil! Vota Brasil! Cresce Brasil! Muda Brasil!...Vai Brasil!”

E o tempo não parou. Não parou.
Mas ELA escreveu. Escreveu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário